Pesquisa de doutorado de Tailisi Hoppe Trevizani realizada no Laboratório de Química Inorgânica Marinha (LaQIMar) Instituto Oceanográfico (IO) da USP investigou a concentração de diversos metais em animais marinhos de três estuários brasileiros. Os dados devem ser encarados com atenção por órgãos como a Anvisa, já que apontam alta concentração de alguns metais que poderão acarretar em problemas no futuro.
Baseada no litoral, foram estudados os estuários (embocaduras dos rios formadas em seu encontro com o mar) localizados em Paranaguá-PR, Cananéia-SP e Santos-SP.
Dessa forma, Tailisi procurou apontar a bioacumulação e biomagnificação de metais pesados em teias tróficas nos estuários estudados. Teia trófica é um conjunto de cadeias alimentares (relações entre matéria e energia que os seres vivos utilizam para sobreviver) interligadas entre si. A ideia central era traçar o caminho de metais ao longo da cadeia alimentar estudada (imagem abaixo), sob o impacto histórico que sofrem as regiões costeiras no país pela ação do homem.
Foram base de estudo nos três estuários as concentrações dos seguintes metais: arsênio, cádmio, chumbo, cobre, cromo, níquel, selênio, zinco e mercúrio. Para embasar a pesquisa, foram incorporadas às análises os isótopos estáveis de carbono e nitrogênio (isótopos estáveis são partes de elementos químicos que não emitem radiação), presentes em sedimentos e organismos marinhos. Esses últimos representados por invertebrados bentônicos (como os moluscos e crustáceos), peixes bentívoros (como o cangoá, Stellifer rastrifer) e mamíferos marinhos (botos cinzas, Sotalia guianensis; e toninhas, Pontoporia blainvillei).
“Escolhemos espécies alvos do estudo desde o começo. Os mamíferos são sentinelas ambientais, ou seja, elas conseguem nos dar alertas sobre como está o ambiente, por estarem no topo da teia trófica“, explica a pesquisadora Tailisi Trevizani. Como os mamíferos marinhos ou cetáceos são pouco estudados, houve a observação de que essas são espécies ameaçadas na costa do Brasil, dando ainda mais base e importância para a pesquisa. “É uma iniciativa para que possa inclusive ocorrer outros estudos ao longo da costa brasileira.