Investimento em ciência e tecnologia é fundamental para reverter degradação dos oceanos

Segundo Alexander Turra, relatório mundial de qualidade dos oceanos, lançado pela ONU, apresenta direcionamentos que se alinham bem com as fragilidades brasileiras

 

Fonte: Jornal da USP

 

Atividades que dependem do oceano saudável representam aproximadamente 20% do PIB – Foto: Pexels – Pixabay

 

Seguindo os objetivos da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, que estabeleceu em 2021, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um relatório mundial da qualidade dos oceanos: The Second World Ocean Assessment. Segundo Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano do Instituto de Estudos Avançados (IEA), esse relatório é importante na produção e no uso do conhecimento científico para reverter o processo de degradação dos oceanos.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Turra indica que o relatório faz parte de um processo regular de avaliação da qualidade dos oceanos, apontando tendências a partir do que tem sido observado sobre a saúde dos ecossistemas marinhos e a intensificação de impactos humanos. Segundo o professor, o documento sinaliza que é importante melhorar a cooperação entre governos, iniciativa privada, terceiro setor e, principalmente, as universidades e institutos de pesquisa. Além disso, é preciso promover inovações tecnológicas para desenvolver novas formas de diálogo com o ambiente marítimo, assim como investir em um processo transparente e auspicioso de gestão e planejamento desse ambiente, pautado pelo conhecimento científico.

Turra afirma que os direcionamentos do relatório se alinham muito bem com as fragilidades brasileiras: “Precisamos conhecer nossas particularidades para tomar decisões coerentes, mas isso não é, necessariamente, o ponto forte do Brasil”. Segundo o professor, o País tem instituições, profissionais e histórico que possibilitam avançar nessa frente, mas falta apoio do poder público. “Precisamos de uma política de Estado que realmente valorize a ciência e a tecnologia, relacionadas à garantia da qualidade do meio ambiente e à sua exploração sustentável”, afirma. Ele aponta que o cuidado com o ambiente marítimo também está relacionado à economia: “Hoje, atividades que dependem do oceano saudável representam aproximadamente 20% do PIB [Produto Interno Bruto]. Há um potencial gigantesco que pode ser comprometido em função dessa perda de qualidade ambiental”.

 
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