Professor do Instituto Oceanográfico foi primeiro pesquisador a identificar possível origem geográfica das manchas de petróleo

Fonte: AUN - AGÊNCIA UNIVERSITÁRIA DE NOTÍCIAS

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Simulação da origem das manchas de petróleo. Imagem de Dante Napolitano e Iury Simões

O professor Ilson Silveira, do Instituto Oceanográfico, foi o primeiro pesquisador a apontar a origem geográfica aproximada de onde teriam vindo as manchas de petróleo que têm sido encontradas no litoral brasileiro desde agosto.

Desde o fim de agosto deste ano, manchas de petróleo têm sido identificadas em praias do nordeste brasileiro. As primeiras ocorrências foram observadas no litoral da Paraíba e de Pernambuco. Depois disso, diversas cidades da região relataram o aparecimento das manchas em suas praias. As últimas ocorrências foram registradas no litoral norte do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo.

Diversas notícias diferentes apontaram para as possíveis origens desse petróleo e o presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que a Venezuela era responsável pelo derramamento do material. No entanto, o pesquisador da USP jogou luz sobre o tema, utilizando uma simulação “simples”.

Ilson Silveira explica que a ideia de tentar entender a origem do petróleo surgiu quase que como uma brincadeira, uma provocação que ele fez a seus orientandos Dante Napolitano e Iury Simões. “Pedi a eles que pegassem os modelos mais recentes das correntes médias e simulassem a dispersão do material”.

O pesquisador explica que se as ocorrências tivessem se limitado à Paraíba e Pernambuco, a origem do óleo poderia ser próxima à costa, mas que o aparecimento das manchas em outros estados do nordeste mostrava que a fonte devia ser em um ponto mais distante. 

Assista a simulação clicando aqui

Eles mapearam as ocorrências registradas e então observaram o modelo que tinham do comportamento das correntes, de 2015. Apesar de os dados terem quatro anos, o professor explica: “O comportamento médio das correntes sofre poucas alterações em períodos tão curtos”.

Em seguida, elaboraram uma simulação matemática para avaliar se a simulação chegaria aos mesmos resultados reais. E os resultados mostraram uma coincidência incrível de ocorrências simuladas com as que aconteceram. 

“Depois disso, fizemos um segundo modelo, este baseado em imagens de satélite que são menos precisas, mas que serviriam para dar uma ideia aproximada da origem do petróleo” explica Silveira. “Nesse caso, traçamos as ocorrências de trás para frente, reconstruindo o passo a passo. No fim, cruzando as informações dos dois modelos, chegamos a resultados muito parecidos, que pareciam apontar para a mesma região”.

A região citada pelo professor é localizada exatamente numa área em que a corrente sul equatorial faz uma bifurcação, em que uma das correntes aponta para a região norte do país e a segunda para a região nordeste e sudeste. Ao se aproximar da costa do sudeste, essa corrente dividida se encontra com a corrente do Brasil e toma a direção sul, o que explica o aparecimento de manchas no Rio de Janeiro.

No entanto, o pesquisador alerta: “Minha especialidade não é fazer modelos preditivos, é estudar e compreender como se comportam as correntes. Por isso, em um segundo momento, colegas meus de outras universidades utilizaram nossos resultados para criar simulações que buscam prever de onde veio e até onde podem chegar as manchas”.

O professor conta, ainda, que foi procurado pela Marinha do Brasil e que passou a integrar um Grupo de Trabalho de uma Força Tarefa que estuda o caso.

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